quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"No dedo um falso brilhante"
Na cabeça, um falso pensante
Falso na medida em que transmite
Mas não falso na medida do solilóquio.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Gente é tudo bicho.

Pensar ninguém quer, sabia? 
Sentir tudo. Mas e daí? Machucar todo mundo também é questão de saber. Ou não saber, sei lá. 
Gente é tudo estranho. Bicho bicho, bicho bicha, tudo meio termo e pra lá de bizarro. 
Quer jogar já na minha cara? Então joga, mas joga com tudo, pois eu tô saindo pra você ver eu voltar.
Ah, e quando eu voltar... 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Janeiro de Rio

Agora eu já não sei mais
São Paulo ou Rio
Ainda sim, é Belo Horizonte, pois essa é certa e não engana.
Mas o Rio... Mas São Paulo...
Florescer no Rio e correr em Sampa.
Ah, o Janeiro do Rio
Ah, o Rio de Janeira.
Ria

domingo, 2 de outubro de 2011

Eu que tenho amigos que por vezes dá vontade de assinar um contrato pra que nenhum deles suma de vez. Tenho amigos que somem por períodos longos de tempo. Uns voltam, outros ficam pelo caminho mesmo e estamos todos no facebook. Tenho amigos internacionais e fodas, que tão no doutorado. Tenho amigos que fiz na primeira faculdade. E que, como diz minha mãe, "são pra vida toda". Eu tenho amigos que às vezes dá vontade de dar um comprimido pra eles desaparecerem. Mas depois um outro, pra eles ressurgirem. Tenho amigos virtuais, por vezes, mais presentes que os que tão mais perto de mim. Tenho, sobretudo, dois amigos cães que são cada um, um espetáculo. Tenho amigos que são a criminosidade em pessoa. Desvirtuam qualquer um que queira parar de fumar. Tenho amigos atores, músicos, psicólogos, escultores. Mas nenhum médico, engenheiro ou advogado (pelo menos ainda). Tenho amigos e amigos. Pessoas e pessoas. Eu tenho um amigo que é meu irmão. Tenho um amigo que é o mais foda de todos: Eu. 

sábado, 24 de setembro de 2011

Sapo no ralo.

Essa é uma história dos tempos de menino. Ao entrar no banho, olhou pelo ralo. Tinha um sapo lá. Desses verdes, cheio de toda a sorte de estranheza, pois os sapos são estranhos. MÃE! A mãe não veio, mas sim, a TIA! Explicada a situação, muniu-se e voltou com uma caneca d'água fervendo à altura de Minas. Despejou no ralo. Disse ela: "O sapo sumiu." Então, tomou-se banho, ficou-se limpo. Mais tarde vieram as cataporas, os hospitais, os velórios, a adolescência e todos os sapos foram embora de vez. Agora só livro, emprego, gente chata e pretensiosa, e compensação. 
Ainda sim ser desse tamanho de agora é bem melhor que à época dos sapos. Vai entender a cabeça de quem via sapo onde não havia...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Bifurcação ou você na encruza

Um pouco mais de metafísica barata.
Todo mundo sabe, ou deveria saber, que nessa vida a gente faz mesmo é escolher. Além de encontrar. Mas enfim. Esses dias estava eu dirigindo e tinha duas possibilidades de seguir em frente pro mesmo lugar. Aí, num átimo de segundo, eu com a minha cabeça desocupada, pensei que as escolhas dizem muito das pessoas. Ah, você poderá dizer, isso é óbvio, utilizando de um recurso retórico de "ponto e pronto". Mas não é exatamente sobre isso que eu tô tentando escrever... 
Você, por exemplo, que leu "Grande Sertão: Veredas": o que você achou do final? Qual a sua noção de Reinaldo ser Diadorim? E a tese da descontinuidade do real? Você concorda ou não com Hume? O que você diz sobre a performance da Renata Sorrah nessa novela nova? E, sobretudo, em qual tonalidade você costuma cantar? 
E quando você tem três ruas que são no mesmo lugar e você escolhe a mais longa e engarrafada só pra poder fumar mais um cigarro e escutar a música que acabou de começar? 
Tudo bem. As escolhas dizem das pessoas. Você entende? Esse troço todo ficou confuso, aceito a condição. Mas entender as coisas também diz da pessoa. É uma questão de alcançar ou não. E neste caso, não há uma terceira via pro cigarro e a música longa. A vida é encontro. E escolha.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ares e uma família

It's time to spread my wings and learn how to fly, ainda que seja pela dor. Aliás, confortável mesmo é que não é.
Vontade de um 2007 na minha vida. Uma paixão daquelas de 2007. Um lugar novo daquele de 2007. Poder ser novo igual se pôde ter sido em 2007. Esquecer meus problemas familiares babacas que nem em 2007. Esquecer o nome dos bairros e das ruas de onde eu morei que nem em 2007. Aprender novos nomes de ruas e bairros e pontos de referência que nem em 2007. 
Nada como dormir, sonhar estar morrendo e ter uma conversa sincera consigo mesmo. Corajoso é fugir com o circo. Corajoso é dar uma banana pra casa da mamãe e deixar que as pessoas se matem sozinhas. Corajoso e mais lindo é viver fora disso. 
Muito lindo. Mas como? Muita gente que me cerca é corajoso, mas eu não consigo aprender. Talvez eu tenha que sumir algum tempo e mudar de ares. Ser mais brasileiro. Trabalhar, casar, ter filhos, carro, casa e morrer de infarto com um enterro dramático. 
Mas de algumas coisas não se pode reclamar. Já que a vida é encontro. 
E talvez o que me falte mesmo é uma boa dose de terapia psicanalítica no lombo. Freud, seus falos e problemas com mamães e traumas arquetípicos. 
Tá na hora de voar, mas eu mandarei notícias. (ou não, como em 2007). 

sábado, 20 de agosto de 2011

Vida travesti

Essa vida travesti. Que de dia é mocinho e de noite, ah, de noite... Anoitecer na vida. 
Anoitecer com a luz dos meninos que foram escolhidos por nós pra poder atenuar o carma. 
Ah, os meninos... Todos eles. Ah, as meninas... Todas elas... Os carros emparelhados, a macumba no rádio, o povo olhando a alegria do chocalho e dos tambores. Conceber cupido em pleno 2011. Ver gente feliz e compartilhando. Outro carro. Agora são três. Indo e vindo. Chuva. Gente. Jesus. 
Cigarros muitos, vinhos venha. Pedindo vênias. A gente que é vadio e que é decente. Nós que somos vadios e decentes. Pano-de-prato. 80 km dentro de um dia. Bolinho de chuva, chapéu Panamá, pão de queijo na forminha de empadinha. Lama. Chuva. Essa Curitiba fazendo frio. 
Mas perto de tanto frio e metafísica bagaceira, dor de barriga. É tanta emoção que o corpo não aguenta.
Já disseram que vida mesmo é encontro. E estavam cobertos de razão. 
Quem é o Kant perto do Chorão? 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Diálogos

Mãe... Quando você descer na rodoviária de Belo Horizonte você poderia ver se tem um negócio pra mim?
- Nem vem que eu nem tenho dinheiro!
Mas mãe, custa nem cinco reais.
- Fala...
É um botton da Bandeira de Minas...
- Que que é botton, Pedro?
Ah, mãe, pode deixar...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Manota

Acho que nessa situação, só se encontra quem saiu da terra. E pra começar esse post, essa imagem: 
Mineiro que é mineiro vai saber do que eu tô falando... Principalmente se for um mineiro longe das gerais.
E andando de carro minha prima admirada com a Curitiba. Ela vira e diz que no trânsito deu algumas manotas. Logo, ao chegar em casa, pediu mais cobertas por conta do frio. Minha tia, mais mineira ainda, contando causos e bairros e nomes de rua e pontos de referência da Belo Horizonte. "Arredaí! Cê sabe, meu filho, qui uãvêz suámãe e os minino foram pra Sabará di trêim e eu lembro que tinha que pulá um negócio bem alto pra chegá du ôtrulado.
E assim, eu reforço o meu sotaque falando mais cantado, como queijo sim sinhô, me lembro dos meus primos e toda a prole dos Pereira Gonçalves. Engraçado que eu não era tão assim. Manota. Só entende mesmo quem é filho das gerais

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carta pra um amigo de 26 anos. (Que serve pra várias idades)

Por favor: a felicidade é um ideal. Logo, toda essa conversa tem de ser mais pé no chão, sacou? A vida vai continuar sendo uma comédia bem tosca, então, melhor remédio que achar graça? 
Então vamos lá tentar olhar as coisas com um pouco mais de resolução: autopiedade é bem triste. Jogar com essas cartas não vai rolar, pois o jogo fica muito cansativo e as pessoas vão preferir até jogar futebol. Pode até ser despeito, mas autopiedade, não. 
Gente, é tão fácil como dois e dois são quatro, pois se você olhar pro seu semelhante, irá perceber que vocês estão aqui só de sacanagem... Deus é um brincalhão. Um cara que tem esse parque de diversões chamado universo. Em algumas partes, Ele resolveu brincar mais com a cara de suas criaturas e ainda por cima, como se não bastasse, criou o tal de Brasil pra poder alojar algumas dessas. Precisa de maiores observações? Tá posta a maior comédia. Nascer no Planeta Terra e ainda por cima, no Brasil. Além das tragédias íntimas, se somam as tragédias culturais. 
Então, a única solução pra essa gracinha toda é uma sequência numérica: 2012! Não que ano que vem o mundo acabe - o que eu acho sinceramente uma balela, mas se agarrando à essa ideia, que cada um possa ter o seu 2012. Se agarra ao cometa ou fica aqui com os bebês-estrela. Enquanto seu 2012 não chega, continue dando umas risadinhas por aí que tudo vai se seguir. Ah, substâncias ilícitas/lícitas pra quem é da "vibe", semente pra quem é de semente, nordeste pra quem é do sul e que se sente sem referência cultural, vibe léo pra quem é da vibe léo assim como a vibelu. 
E esse papo de "deixem os meus paradigmas em paz" cairia por terra com esse texto. Mas se você o leu assim, você não soube interpretar o que eu tô escrevendo. Aí eu te permito continuar com as lamúrias sem toques necessários de humor. 
E a vida? Precisa sim ser levada a serio! Por isso o motivo dessa receitinha de mais um jovem nesse mais um blog desse mais um mundo possível. 

terça-feira, 12 de julho de 2011

é, essa vida mesmo que só permite um jeito de sair menos machucado dela: achar graça.
pois que esse seja o único caminho certo nessa brincadeira em que Deus nos submeteu.
Deus, esse patrão estranho como diz o Riobaldo.
I want a perfect body, I want a perfect soul.
But I'm a creep... She/He/It 
e esses cães num param de latir, porra.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Poema real da macumba e dos gatos

Fui dar uns gatos de madrugada
O moço achou que era macumba
"Tu tais botando macumba aqui?"
Fiquei loca do buceto
Mandei tomar no cu.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Na vibe do sertão

O título que nada combina com a minha incursão à literatura brasileira. "Viver é algo muito perigoso." Entre "ô, glória"s, entre reclamações e gente vendo futebol no meu sofá na hora da novela - que diga-se de passagem eu não ser espectador, salvo em períodos de férias e ansiedade - vou eu dando muita risada dessa vidinha imodesta que papai do céu me arrumou. Toda lembrança é uma espécie de velhice (não sei se a frase é essa mesma, mas Guimarães Rosa por Riobaldo tá mais é que certo). Por falar nisso, eu não acreditava muito nessas listas de 100 livros que você tem de ler antes de morrer até começar a ler "Menino de Engenho" e mais ainda, "Grande Sertão: Veredas". Com o perdão da expressão: Puta que o pariu , que coisa boa! Enfim.Voltando à paráfrase torta do Rosa, a coisa tá brava hoje. Tô eu aqui escutando "Here Comes the Sun" na voz da Nina Simone que certamente dá um baile nos Beatles. Ironia. Pois de sol nada vem. Ainda que viesse, ele num consegue atingir os meus fluídos. Então deixa eu contar e me gabar: Consegui uma nota muito boa e um elogio meio velado de um professor que eu acho MUITO foda. Então assim, é claro que a gente sempre pode melhorar, mas, sendo bem idiota e me permitindo isso, vão mandar eu fazer revisão ortográfica e me chamar de inexperiente na casa do seu chapéu. Filosofia é bem mais filosofia que musicoterapia. E federal é SEMPRE federal. Essa foi minha parcela de despeito nesse texto. E sem maiores sandices, vou embora escutar agora Seção 32. E num sei o motivo (sei sim), mas ultimamente voltei a pensar numas ideias de fugir de casa e morar em São Paulo e um abraço pra quem fica nessa loucura capiberiana. 
"Eu quase que nada não sei, mas desconfio de muita coisa." 

domingo, 12 de junho de 2011

"Ressuscitou ao terceiro dia"

"E um sonho de menino é maior que de gente grande, porque fica mais próximo da realidade." 
E o que se fez do menino? Nasceu em berço frágil, mas logo transposto à cama de motel que, uns vinte anos mais tarde, por teste, alocavam umas 9 pessoas. Sonhava em ser pedreiro, só não queria retirar os sapos da piscina do seu reino de menino. Chorava olhando pelo basculante da rouparia os amigos efêmeros que iam embora pra capital do horizonte belo. Às vezes embirrava, pois todo menino faz isso. Pedia atenção como quem mendiga e torce o pescoço com cara de dó. Nunca entendia direito - como aliás, não entende hoje - as coisas dessa vida. Cantava num microfone azul com guizo. Imitava a Angélica e queria ser famoso na Argentina. Depois, ator. Depois músico. Nada foi feito e assim se firmou até os dias de hoje. Um verdadeiro filho de Oxóssi que não sabe tomar as decisões mais sérias e por isso, fica sempre estacionado. E o pior: sabe que milagres não acontecem. Mas sabe da maravilha que é não ter confidentes, exceto si próprio. Pra quê compartilhar segredos e diálogos íntimos com a próxima esquina? Eis o prazer da vida: ser solitário em meio à multidão ensandecida da vida alheia. Cresceu, mudou-se e principalmente por isso, faz-se e constrói-se o homem que é e que vai ser. Ama. Às vezes escondido, às vezes até demais perceptível. Se afasta sempre que possível e se senta próximo à porta pra ser o primeiro a correr - como corre de algumas coisas infugíveis da vida. Não faz questão de muitas coisas e um abraço pra quem não entende. Escreve pra quase ninguém ler. Fuma e bebe, bem menos que antes. Continua rindo internamente, quase que em humor negro, das desgraças que lhe chegam. Faz drama por alguns humores. E o que foi feito dos sonhos de menino? 
"O mundo de um menino solitário é todo dos seus desejos. Tudo eu queria ter nesses meus retiros: o tesouro da história de Trancoso, o cavalinho de sela, aquela vara mágica das fadas, que virava em tudo que a gente quisesse. [...] Sentia um prazer sem limites quando me caía um canário no alçapão." 
Esses trechos são do "Meninos de Engenho" de José Lins do Rego e é um dos motivos pra eu, nesse momento, ressuscitar o El Trago. 
E os canários quando caem no alçapão ainda são a minha maior fonte de prazer. 

terça-feira, 26 de abril de 2011