segunda-feira, 2 de abril de 2012

Falava muito bem das coisas que tinha ouvido falar. Se aventurava por conhecimentos diversos e sempre opinava com disfarçada humildade. Alguns muitos sabiam que ali morava o grande senso comum. Mas como culpar um sujeito desse por sua constituição? Simples. Agregar conhecimento por osmose é o caminho pra se chegar nestes níveis. Enfim, andou. Correu mundo, conheceu os quatro cantos e outros dois polos diferentes, fonte dos maiores embates entre as teorias socialistas e liberalistas. Experimentou a riqueza e a pobreza. Pra pagar de humilde, bradava aos quatro ventos que a dificuldade melhorava caráter. Mas no fundo, dos que apercebiam a real sintonia, sabiam que o melhor mesmo é optar pelo conforto. Mas era virtuoso ao construir bonecos. Era primado e sempre consultado quanto a isso e, no correr dos dias, foi estudando e, pelo menos nessa área, agregou determinado conhecimento. É claro que estamos tratando do conhecimento formal e necessário às pessoas que querem ter domínio de algo em vias acadêmicas. 
No mais, continuava a dar pitaco cheios de dogmatismo na vida das pessoas, além, é claro, de comentar notícias com sua melhor característica: o senso comum. De veras usava, como todos usam, "necessariamente" como inverso do que não pode ser o contrário bem como "possibilidade" como contingência. Continuava a falar com propriedade das coisas que ouvia das pessoas que estudaram e que de fato formavam opiniões. 
É claro que esse jeito de estar no mundo é partilhado por muitos construtores de outras artes. E que seja. 
E onde está agora? Certamente aprendendo por osmose e continuando sua existência. No canto, apenas existindo. Existindo apenas. Apenas.