terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sobre nós e nossos admiradores

Eu me lembro da minha pré adolescência de uma forma não muito agradável, aliás, eu costumo resumi-la à idade do nada, pois nada tá bom, nada presta, nada faz sentido (o sentido não faz até hoje), mas enfim... E uma das minhas lembranças diz da admiração que eu tinha das pessoas que conseguiam ter amigos, e, por incrível que pareça, tinha invejinha da minha irmã e sua vida agitada. Mas o tempo da reclusão pré e adolescente eu acho que me serviu para poder contemplar em silêncio toda essa metafísica barata que é essa vida travesti. 
Hoje foi o dia de ver uma das formas de funcionamento da tal metafísica. Hoje eu consigo ter um grupo de amigos dos mais variados, sabe. Cada um ao seu tempo me aparece e eu, ao meu tempo, apareço para eles. E a gente forma um grupo lindo. É sério. Gente do bem, das expressões artísticas e vida verdadeira. E é muito bonito. Aí, o jogo se inverte: as pessoas começam a nos admirar e a querer pertencer a esse sistema. Aí, entre minhas leituras pro mestrado, minhas corridas pela pista de caminhada e, pela vida da internet com esses tipos de amigos que estão longe pelo físico, mas perto pelo coração, eu percebo que a gente fica visado. Mas a gente é só mais um grupo. Em só mais uma cidade grande. Na mesma vida travesti. 
Era este texto para ser engraçado, pois a situação que levou a escrita dele é por demais, mas diante da metafísica, não há quem não fique um pouco redundante, confuso, emocional e barato, que nem esse texto. 
Falamos os sábios que somos. Só que não. 

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