segunda-feira, 5 de março de 2012

Sobre nós e nossas idades

Já dizia a primeira afirmação filosófica e sua preocupação universalista: "Tudo é água". Tudo é água e tempo. Bom, sempre pasmo diante às constatações da vida, sempre correndo de um lado ao outro sem saber sem nem um pingo de certeza onde vai parar tudo isso, destaco aqui o discurso primoroso da personagem de Nicette Bruno ao final da novela "A vida da gente". "Às vezes, suas lições são tão repentinas que quase nos afogam. Outras vezes, elas se depositam devagar, como a conta-gotas, diante da avidez de nossas perguntas. E, por isso, quem teve o privilégio de viver muito tempo [...], aprende a olhar com serenidade o turbilhão da vida. Amores ardentes se extinguem, urgências se acalmam, passos ágeis ralentam, enfim, tudo muda. Muda o amor, mudam as pessoas, muda a família... Só o tempo permanece do mesmo modo. Sempre passando..." É claro, e vou usar outra citação, "falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio como zune um novo sedã". As perguntas nunca se calarão, a metafísica barata também. Toda a sorte de acontecimentos atônitos vão me deixar ainda mais perplexo para além da mera convenção humana de condicionar o tempo em algumas unidades de medida. "Toda lembrança é uma forma de velhice" como já disse o Grande Sertão. E Hume encerra a máxima primorosa, na qual "a experiência é o grande guia da vida humana". Para além de tic-tacs. Muito se diz acerca da memória dos gatos, sendo que uns colocam-na com validade certa: 6 segundos. Outros, com 10 minutos chegando até em 16 horas. Mas certa mesma é a memória. Independente da sua duração. Pois toda ela, é uma forma de velhice. 

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